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| Retirado de Feministas Revolucionárias |
Observe a imagem acima e
reflita. Você, Mulher, nem vai precisar pensar muito, não é?
Há exatos 105 anos, nos
Estados Unidos, as funcionárias de uma fábrica entraram em greve, reivindicando
melhores condições de trabalho, tais como a diminuição da carga horária,
salários iguais aos dos homens e melhor tratamento no ambiente de trabalho. E o
que aconteceu? Nada? Pode parecer que não aconteceu nada mesmo, mas foi um
grande passo, sim. As mulheres cansaram de tratamentos desiguais e começaram a
desenvolver a consciência de que aquilo estava errado, buscando o que é tão
delas quanto suas vontades deveriam ser: seus direitos.
Apesar de o episódio ter
ocorrido em 1911, apenas em 8 de março de 1977 foi declarado o Dia
Internacional da Mulher, pela ONU, para homenagear as lutas feministas. Lutas
que almejam igualdade, justiça, respeito. São coisas tão simples, que deveriam
ser tão intrínsecas à nossa existência, mas que não são, infelizmente.
Voltando ao questionamento
inicial: O que você já deixou de fazer por ser Mulher? O que você deixa de
fazer por ser Mulher? E, ainda mais grave, o que você DEIXARÁ de fazer por ser
quem é?
Você, Mulher, com M maiúsculo
sim, porque você é forte, e merece ser tratada como tal. Quantas vezes quis
sair à noite, ou até de dia, mas não saiu, por que tinha medo de ir só, de ser
estuprada, assaltada. Quantas vezes seus pais ou suas mães disseram-lhes que não
podiam usar aquele vestido, alegando ser muito curto, quando ele batia quase no
seu joelho? Quantas vezes vai ter que inventar que tem namorado para não ser
forçada a ficar com um cara que está enchendo o seu saco, e quantas vezes vai
ter que pedir a um amigo que se passe por seu namorado para evitar situações
assim? Quantas vezes você vai ouvir tudo calada, quantas outras vezes você vai
permitir que te tirem o direito de se expressar, de abrir tua boca, de mostrar
teu ponto de vista? Quantas vezes vai dizer para o seu pai que alguns homens
agiram de tal maneira (que não preciso nem especificar), para ouvir do teu
próprio pai que “também, olha esse short”. QUANTAS VEZES MAIS você vai ter que
ouvir que NÃO PODE fazer algo porque corre o risco de te fazerem mal, Mulher?
Você, Mulher, que é mãe,
quanto mais vai permitir que seu marido chegue em casa e sente no sofá,
enquanto você faz tudo sozinha? E seu filho, vai permitir que ele seja assim, para
torná-lo alguém que vai tratar outra Mulher da forma como teu marido te trata?
Eles não podem ajudar também, ou são só a filha e a mãe, porque “lugar de
mulher é em casa, fazendo as coisas, já tô botando dinheiro aqui dentro”? Meu
bem, lugar de Mulher é onde ela quiser, é como ela quer, é da maneira que
decidir. Mulher também tem voz, Mulher também é gente. Mulher também pode ser
gente que inspira a gente.
Mulher, a mesma Mulher, que
todo dia faz tudo sempre igual, te sacode às seis horas da manhã, te sorri um
sorriso pontual, e que te beija com a boca de hortelã; que todo dia diz que é
pra você se cuidar e essas coisas que diz toda mulher, diz que tá te esperando
pro jantar e que te beija com a boca de café. Essa mesma mulher, também é gente
que inspira a gente. Mulher é calmaria quando há pranto, é o medo em forma de
coragem; Mulher é determinada, é forte. Ela não é o sexo frágil, ela resiste,
ela é pilar, ela sustenta, ELA AGUENTA. Mulher nada contra a corrente, mulher
não deixa ninguém a acorrentar, ela sobrevive, ela se adapta, ela sorri, ela
chora. Mulher encanta e se deixa encantar; MULHER SE ACEITA, aceita suas
particularidades e as dos outros também. Ela é incrível como é, e se orgulha
das suas lutas e também das de qualquer outra Mulher.
Mulher, que mesmo sendo
Mulher, é garotinha, espera o ônibus da escola sozinha. Que está cansada com
suas meias ¾ e está rezando baixo pelos cantos, por ser uma “menina má”. Mas
ela não é má. É poeta, e sabe amar. Sabe se amar. Mulher é independência, é
imensidão. E dia de Mulher não é só dia 8 de março não, é todo dia. Então, que mulher você vai escolher ser?
Gente que inspira a gente:
Brasil, 1998. 
