Me deixe ser amor. Me deixe ser a paz do que restou. Me deixe ser tudo,
só não me deixe. Me deixe ser o café do sábado à tarde, a leitura prazerosa da
sexta à noite, o amor da quinta série e os passeios de bicicleta das manhãs de
fim de semana.
Me deixe ser imenso, me deixe ser mar. Mas, por favor, não me permite
ter medo de amar. Me faz onda e mergulha em mim sem receio. Mergulha como se eu
fosse a última parcela d'água do planeta Terra, como se fosse hoje a primeira e
última vez, que água, de novo, tu não achas; E também eu, em minha
descomplicada existência, alguém que me mergulhe tão intensamente, não irei
mais experimentar.
Hoje, nos faz infinito, não nos deixe entrar em atrito; Só nos deixe
consubstanciar. Não me deixa ser subtração; Soma-me. Soma a mim como se não
tivesse escolha, mas soma de bom grado. Deixa-me ser teu abraço mais apertado,
o beijo que implora para ser dado. Me faz de vítima, me faz de vilão. Apenas me
faz e, se possível, me deixa fazer também, tá?
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